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Coronavírus pode chegar ao cérebro antes mesmo de afetar os pulmões.

coronavírus pode chegar ao cérebro

Coronavírus e o Cérebro (coronavírus, COVID-19)

Há muito o que se descobrir ainda sobre os coronavírus, porém já existem dados importantes divulgados pelos cientistas que sugerem que o coronavírus pode chegar ao cérebro antes mesmo dos pulmões!

Como o coronavírus pode chegar ao cérebro?

Estudos recentes observaram o cérebro de pacientes falecidos, além de experimentos em animais, constatando alterações sugestivas de que os coronavírus possam chegar ao sistema nervoso e que isso deva ocorrer por via intranasal, antes mesmo de atingir o pulmão. A caminho do pulmão, os vírus parecem ser internalizados pelos filetes nervosos das mucosas olfatória e respiratória.

O professor Roberto Lent diz ainda que os vírus “são conduzidos em direção ao cérebro, justamente para regiões-chaves do controle cardiorrespiratório, encarregadas da monitoração e comando dos músculos e vasos sanguíneos que mantêm no nível certo a função do coração e dos pulmões”.

A rapidez desse percurso parece ser assombrosa! Os primeiros dados epidemiológicos de Wuhan, na China, mostraram que o tempo médio entre os primeiros sintomas e a dificuldade de respirar foi de 5 (cinco) dias. 8 (oito) dias depois os pacientes já precisavam de internação em UTI para garantir sua sobrevivência com respiradores.

Quais são os sintomas neurológicos?

Além dos sintomas sistêmicos que podem ser ocasionados pela Covid-19 (febre alta, tosse seca, dificuldade para respirar, cansaço, fadiga e diarreia) é comum ocorrer dor de cabeça, dores musculares e fadiga. Ling Mao e colaboradores publicaram em fevereiro uma análise dos achados neurológicos observados em pacientes de três hospitais em Wuhan, China.

As alterações neurológicas, distribuídas em três grupos, incluíram:

Como isso acontece?

Sabemos que muitas dessas manifestações podem ser muitas vezes encontradas em pacientes críticos com comprometimento pulmonar e/ou renais de intensidade variável.  Estudam-se alguns mecanismos que possam estar envolvidos no acometimento do sistema nervoso, dentre eles alguns relacionados à enzima conversora da angiotensina 2 (ACE-2), presente inclusive no SNC; penetração no sistema nervoso (central ou periférico) por via hematogênica ou neuronal retrógrada. Inclusive, a presença do vírus no líquor em cepas anteriores sugere sua atuação no SNC.

Esses achados fazem-nos considerar a possibilidade do desenvolvimento de processos reativos imunomediados no Sistema Nervoso Central, promovendo encefalites, mielites, radiculites, polirradiculoneurites e outras possibilidades. Atenção especial se deve à fase de resolução da infecção pela Covid-19, como ocorreu para outros vírus neurotrópicos.

A hidroxicloroquina e o coronavírus

Esse processo imune foi registrado por Gao, Tian e Yang (2020), chamando a atenção da atuação da cloroquina em reduzir as lesões pulmonares e o tempo de hospitalização na fase aguda da virose. A cloroquina é um medicamento contra a malária, muito utilizado em doenças autoimunes com bons resultados. A publicação desses resultados nas mídias tem levado a uma compra equivocada do medicamento, com redução do estoque, colocando em risco a vida de quem realmente necessita da medicação.

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Cuidado com as gestantes

As gestantes merecem atenção especial! Ainda não há evidências de que o coronavírus pode chegar ao cérebro e causar lesão no sistema nervoso do feto, porém complicações clínicas durante este período, tais como sofrimento fetal por dificuldade respiratória e baixa oxigenação materna, poderiam causar dano à criança. Tudo é muito recente, portanto, monitoramento neurológico nos futuros neonatos e lactentes poderá ser necessário.

Vacina contra a COVID-19

Felizmente, já temos possíveis vacinas contra a COVID-19 disponíveis no mundo. Inicialmente o Brasil firmou acordos com o Instituto Butantan para produção da CoronaVac/Sinovac e com a Fiocruz para a produção da vacina AstraZeneca/Oxford. Já no começo de 2021 a vacinação nacional foi iniciada pelos grupos prioritários. Apesar de não termos dados nacionais e mundiais ainda satisfatórios, a vacinação certamente parece ser uma forma de evitar mais mortes pelo coronavísu.

Por fim

Assim, concluímos que ainda há muito para se estudar sobre esse vírus e essa pandemia que ficará marcada na história. Independente disso, sua gravidade e repercussão na vida de todos nós já é um fato que demorará para ser esquecido e, se quisermos estar aqui para contar essa história, precisamos fazer a nossa parte. Portanto, cuide-se e ajude a cuidar de quem precisa, evitando a disseminação do coronavírus.

Referências bibliográficas:

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