Se você já teve cefaleia alguma vez, com certeza precisa entender a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca. Algumas vezes, as dores de cabeça podem ser latejantes ou uma sensação pulsante, geralmente em um lado da cabeça. Se tais sintomas vierem acompanhados de náusea, vômito e extrema sensibilidade à luz e ao som, talvez indiquem não ser um mal-estar tão comum. Para saber como agir nesses casos, é preciso entender a diferença entre as dores de cabeça e a chamada enxaqueca (ou migrânea).
No dia a dia, esses termos são usados quase como sinônimos, mas têm significados um pouco diferentes na medicina. Se você quer entender melhor o que eles representam e quais atitudes deve tomar quando tiver um problema assim, acompanhe!
Principais Tópicos Deste Artigo
O que é uma dor de cabeça?
De forma geral, a dor de cabeça é um sintoma, uma manifestação dolorosa por vezes inespecífica, indicando que algo não está bem. Ela pode afetar desde toda a cabeça até regiões mais delimitadas. Ainda, o tipo de sensação pode ser descrito de diversas formas, como latejante, pulsátil, pressão, pontada, punhalada entre outros! A dor de cabeça pode, ainda, ser acompanhada de outros sinais e sintomas, como irritação nos olhos, sensibilidade à luz e ao barulho, alteração de humor, sonolência e, até mesmo, perda de força!
Por isso, o termo “dor de cabeça” é bastante abrangente e pode apresentar inúmeras causas.
O que é uma enxaqueca?
Para entender a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca, precisamos antes definir o que é a enxaqueca. Trata-se, portanto, de um tipo de cefaleia, com uma dor latejante, pulsátil, que costuma se concentrar em apenas um lado da cabeça (hemicraniana). Além disso, ela pode ser acompanhada de outros sintomas secundários, como náusea, tontura e distorção da visão.
Ela é, muitas vezes, incapacitante, pois, sem o devido tratamento, as crises podem se prolongar por várias horas ou dias. Com o tempo, isso afeta negativamente sua capacidade de raciocinar, sua paciência e muitos outros aspectos de sua qualidade de vida.
De forma geral, dor de cabeça é um termo mais abrangente, que engloba diversos tipos de dores, entre elas a enxaqueca. Ela apresenta algumas particularidades que são importantes de se conhecer para saber como tratar e prevenir.
O que causa a enxaqueca?
Apesar de ser um problema relativamente comum, as causas clínicas específicas da enxaqueca ainda não são totalmente esclarecidas. Felizmente, estão sendo feitos vários estudos que ajudam a elucidar isso.
Um exemplo é o estudo do brasileiro Aristides Leão, do século XX. Ele foi responsável por identificar um fenômeno da enxaqueca que ficou conhecido como “depressão alastrante de Leão”, uma onda de intensa atividade nervosa no córtex cerebral.
Quais são os principais sintomas que mostram a diferença entre enxaqueca e outras dores de cabeça?
O que você sente é um sintoma de enxaqueca? Para percebermos que realmente se trata dela e entender uma outra diferença entre dor de cabeça e enxaqueca, há, para algumas pessoas, um sintoma de aviso conhecido como aura. Ele acontece antes ou durante a dor de cabeça e pode causar distúrbios visuais, como flashes de luz ou pontos cegos, ou outros sinais, como formigamento em um lado do rosto ou em um braço ou perna e dificuldade em falar.
Em geral, a enxaqueca se manifesta em quatro estágios: pródromo, aura, ataque e pósdromo (ou resolução). É importante salientar que nem todo mundo que tem enxaqueca passa por todas as etapas.
Pródromo
Fase que pode ocorrer até 72 horas antes da dor de cabeça. É composta por sinais (aquilo que se percebe) e sintomas (aquilo que se sente) muitas vezes sutis, como:
- fadiga;
- mudanças de humor, da depressão à euforia;
- avidez por comida, principalmente doce;
- dificuldade de concentração e irritabilidade;
- aumento da sede e micção;
- bocejar frequente.
Aura
Basicamente existem enxaqueca com aura e enxaqueca sem aura. Auras são manifestações do sistema nervoso que surgem de maneira gradual. Elas geralmente são visuais, mas também podem se manifestar de outras formas. A aura pode iniciar antes ou junto com a dor de cabeça, geralmente com duração entre 5 e 60 minutos.
Exemplos de aura de enxaqueca incluem:
- fenômenos visuais (figura 1)
- perda de visão;
- sensações de alfinetes e agulhas em um braço ou perna;
- fraqueza ou dormência no rosto ou em um lado do corpo;
- dificuldade em falar;
- ouvir sons e ruídos não habituais.
Ataque
Uma enxaqueca geralmente dura de quatro a 72 horas se não for tratada. A frequência com que as enxaquecas ocorrem varia de pessoa para pessoa, podendo ser desde raramente até várias vezes por mês.
Durante uma enxaqueca, você pode ter:
- dor geralmente em um lado da cabeça, mas pode ocorrer nos dois lados;
- dor que lateja ou pulsa;
- sensibilidade à luz, som e, às vezes, cheiro e toque;
- náusea e vômito.
Pósdromo (Resolução)
Após um ataque de enxaqueca, você pode se sentir esgotado, confuso e desorientado por, até, 48 horas. Os sintomas lembram uma “ressaca”.
O que pode desencadear uma crise de enxaqueca?
A enxaqueca costuma se manifestar na forma de crises, ou seja, um evento desencadeado por algum gatilho. Um dos primeiros passos para minimizar o impacto desse problema em sua vida é justamente identificá-los e encontrar formas de evitar esse tipo de dor.
Alterações hormonais nas mulheres
As flutuações no estrogênio, como antes ou durante os períodos menstruais, gravidez e menopausa, podem desencadear dores de cabeça em muitas mulheres. Medicamentos hormonais, como contraceptivos orais e terapia de reposição hormonal, também podem piorar a enxaqueca. Algumas mulheres, no entanto, acham que as enxaquecas ocorrem com menos frequência ao tomar esses medicamentos.
Bebidas
Isso inclui álcool, especialmente vinho. Café e outras bebidas à base de cafeína também podem desencadear a dor; porém, nesse caso especificamente, algumas pessoas podem relatar melhora!
Estímulos sensoriais.
Luzes, claridade e brilho do sol podem induzir enxaquecas, assim como sons altos. Cheiros fortes — incluindo perfume, produtos de limpeza, cigarro e outros — provocam enxaquecas em algumas pessoas.
Sono irregular ou alterações na rotina
Insônia, dormir muito ou jet lag podem desencadear enxaquecas em algumas pessoas.
Medicamentos
Contraceptivos orais e vasodilatadores costumam agravar a enxaqueca. Se a sua enxaqueca é com aura e você faz uso de anticoncepcional oral, precisa conversar com seu neurologista e ginecologista!
Alimentos
Queijos, principalmente os envelhecidos e alimentos embutidos podem desencadear enxaquecas.
Quais são os principais tratamentos?
Os medicamentos podem ajudar a prevenir algumas enxaquecas e torná-las menos dolorosas. A combinação de remédios para a enxaqueca e mudanças no estilo de vida ajuda a prevenir as crises. Por isso, é essencial buscar ajuda profissional, principalmente quando as dores da enxaqueca prejudicarem seu dia a dia de forma impeditiva.
No geral, existem dois pilares terapêuticos. Veja aqui!
Tratamento abortivo para as crises
A aplicação de medicamentos é uma prática bem utilizada para conter crises, com substâncias que deverão ser utilizadas em período (curto) específico. Porém, para quem tem crises frequentes, o tratamento deve ser prolongado e acompanhado de outras ações.
Tratamento preventivo
Enxaqueca ainda não tem cura, mas existem tratamentos preventivos para pessoas que apresentam crises recorrentes com frequência. Além de tratar os sintomas, esse processo busca encontrar suas causas e fazer um controle mais eficaz da doença, orientando também quanto à mudança de hábitos e realização de atividade física. Esse é o pilar do tratamento, pois normalmente é o que garante maior qualidade de vida aos pacientes!
Agora que você entende a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca. Buscar um neurologista é fundamental para evitar complicações e melhorar sua qualidade de vida.
Posso ter enxaqueca?
Para te ajudar a responder essa pergunta, elaboramos um teste online gratuito com base nos critérios diagnósticos para enxaqueca (ICHD-3). Você pode fazê-lo a seguir:
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Dr. Matheus Trilico é neurologista referência no diagnóstico e acompanhamento de TEA e TDAH em adultos. Formado em medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA) e com residência em Neurologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e mestre também pela UFPR. Além de atuar como neurologista em consultório privado e no Sistema Único de Saúde (SUS), realiza também atividades acadêmicas. Dr. Matheus Trilico acredita que o ser humano precisa conhecer bem sua saúde e, por isso, transmite as informações sobre o quadro clínico de forma clara e didática, reafirmando seu compromisso com a exímia relação médico-paciente. Amante da tecnologia, busca utilizá-la para agregar conhecimento e facilitar a vida dos pacientes, mas sem perder seu foco: o humanismo e a qualidade do atendimento médico.
CRM 35.805/PR – RQE 24.818