O termo “cefaleia cervicogênica” surgiu em 1983 e representa o nome técnico para dores de cabeça (cefaleias) cuja origem esteja relacionada a problemas no pescoço (cervicogênica). Assim, as causas dessa dor de cabeça podem ser alterações nas vértebras cervicais, músculos ou nervos dessa região.
A cefaleia cervicogênica é uma condição que afeta cerca de 1 a 4% dos pacientes com dor de cabeça, geralmente entre 30 e 44 anos, acometendo proporcionalmente homens e mulheres de forma muito parecida. Bem mais comum do que você provavelmente imagina, ela pode estar relacionada ao estresse e até mesmo agravar crises de enxaqueca.
Se você ficou curioso(a) e quer entender melhor sobre esse tipo de dor, este texto é para você! Continue lendo.
Principais Tópicos Deste Artigo
O que é a cefaleia cervicogênica?
Como dito anteriormente, trata-se de uma dor de cabeça que se origina no pescoço, seja devido a lesões na coluna cervical, nos músculos do pescoço ou que estejam ligados ao seu movimento, bem como nos nervos que tenham origem nesta região (nervos occipitais).
A cefaleia cervicogênica é uma dor de cabeça crônica e recorrente, geralmente acompanhando uma redução na mobilidade do pescoço.
Pelos critérios diagnósticos, para que possamos pensar nela, precisamos que:
- A origem da dor esteja no pescoço e seja percebida na cabeça ou no rosto;
- Haja provas de que a dor possa realmente ser atribuída ao pescoço (exames de imagem ou melhora com bloqueio de nervos, por exemplo);
- A dor melhore com o tratamento específico, como após um bloqueio anestésico do nervo ou do músculo responsável pela dor.
O que causa a cefaleia cervicogênica?
No pescoço, existe uma região denominada núcleo trigeminocervical, responsável por receber fibras de nervos como o trigêmeo e os três nervos espinhais cervicais superiores (C1, C2, C3). Uma inflamação em qualquer uma dessas regiões provoca estímulos dolorosos que chegam até o referido núcleo por neurotransmissão e é sentida em forma de dor na cabeça ou no rosto.
Acredita-se, portanto, que a cefaleia cervicogênica seja uma dor referida devido a irritação causada por estruturas cervicais relacionadas aos nervos locais, o que chamamos “cefaleia secundária”.
Trauma cervical, movimentos bruscos do pescoço e da cabeça, distensão ou espasmos crônicos dos músculos do couro cabeludo, pescoço ou ombro podem aumentar a sensibilidade regional, sendo possíveis causas da cefaleia cervicogênica.
Quais os principais sintomas da cefaleia cervicogênica?
Os pacientes geralmente se queixam de uma dor inicialmente restrita a um lado da cabeça, começando atrás dela (occipício) ou no pescoço e irradiando por toda a lateral, podendo acometer até a face. A dor pode estar relacionada também à restrição na mobilidade do pescoço e rigidez muscular local.
A duração da cefaleia cervicogênica pode ser contínua ou em intervalos. Sua intensidade costuma ser moderada e muitas vezes pode ser confundida com outras cefaleias primárias, como a tensional ou a enxaqueca.
O que pode ajudar os médicos a diferenciá-la de uma enxaqueca é que sintomas clássicos como fotofobia, fonofobia, náuseas e vômitos geralmente não estão presentes na cefaleia cervicogênica.
Tratamento da cefaleia cervicogênica
Se você chegou até aqui é porque já entendeu bem as principais características dessa dor de cabeça e está se perguntando como tratá-la, não é mesmo? A boa notícia é que os tratamentos conservadores são considerados primeira linha e, aqui, a fisioterapia desempenha um papel importante.
Quando consideramos que a causa dessa dor de cabeça está no pescoço, a fisioterapia irá trabalhar a região cervical de forma a tentar corrigir esse problema e eliminar o gatilho. Um estudo que avaliou a terapia manipulativa (quiropraxia, por exemplo) no tratamento da cefaleia cervicogênica sugere que 72% dos pacientes alcançaram uma redução de 50% ou mais na frequência da cefaleia durante o acompanhamento de 12 meses.
Essas manobras manipulativas e a fisioterapia estimulam os sistemas inibitórios neurais em vários níveis da medula espinhal e ativam as vias inibitórias descendentes, ajudando a bloquear os estímulos dolorosos.
Entretanto, podem ser necessários medicamentos associados, como anti-inflamatórios, relaxantes musculares e antidepressivos para que se consiga um resultado ainda melhor.
Outras opções terapêuticas são procedimentos minimamente invasivos, como o bloqueio do nervo (que auxilia tanto no tratamento quanto no diagnóstico), radiofrequência pulsada (PRF) e estimulação do nervo occipital.
Atualmente reservam-se as intervenções cirúrgicas para pacientes selecionados, que falharam em todas as outras opções conservadoras e minimamente invasivas.
Neste artigo explicamos para você o que é a cefaleia cervicogênica, suas causas, sintomas e tratamentos. Mostramos que esse importante tipo de dor de cabeça, quando diagnosticada corretamente, pode melhorar com tratamentos pouco complexos, como a fisioterapia, por exemplo.
Por isso, é extremamente importante buscar um neurologista perto de você que seja bom e lhe ajude. Gostou? Então compartilhe com seus amigos.
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Dr. Matheus Trilico é neurologista referência no diagnóstico e acompanhamento de TEA e TDAH em adultos. Formado em medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA) e com residência em Neurologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e mestre também pela UFPR. Além de atuar como neurologista em consultório privado e no Sistema Único de Saúde (SUS), realiza também atividades acadêmicas. Dr. Matheus Trilico acredita que o ser humano precisa conhecer bem sua saúde e, por isso, transmite as informações sobre o quadro clínico de forma clara e didática, reafirmando seu compromisso com a exímia relação médico-paciente. Amante da tecnologia, busca utilizá-la para agregar conhecimento e facilitar a vida dos pacientes, mas sem perder seu foco: o humanismo e a qualidade do atendimento médico.
CRM 35.805/PR – RQE 24.818