A amnésia global transitória (AGT) é uma condição caracterizada pela perda temporária e completa da memória anterógrada, isto é, relacionada a eventos que ocorreram recentemente. O paciente ou seus acompanhantes chegam com um relato de que, por um período bem determinado, ele não sabe nada do que ocorreu.
Normalmente, essa queixa vem acompanhada de bastante ansiedade, tendo em vista que as pessoas associam a amnésia a doenças mais graves. Ademais, após a crise, elas ficam bastante preocupadas devido ao fato de não saberem como chegaram até o local onde se encontram e, junto com isso, surge uma agitação pela busca de explicações de tudo o que ocorreu durante o período de esquecimento.
Outro fato bem interessante da amnésia global transitória é que todas as demais funções cerebrais geralmente estão preservadas. Então, o paciente pode ter agido normalmente, mas de fato não se lembrar de nada. Quer entender melhor? Acompanhe!
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Quais são os sinais e sintomas da amnésia global transitória?
A principal característica dessa condição é o acometimento muito mais significativo da memória de curto prazo em relação às outras funções cerebrais. Surge uma incapacidade completa de se lembrar de qualquer evento durante a vigência da crise. Em alguns casos, a amnésia retrógrada leve — dificuldade de se lembrar de acontecimentos passados — se associa ao sintoma principal.
A orientação espacial e temporal também podem estar leve a moderadamente prejudicadas. Assim, o paciente pode ficar agitado devido a dificuldades de compreender onde está, em qual data e qual horário.
No entanto, as demais funcionalidades, como linguagem, consciência e identidade pessoal ficam preservadas. Geralmente, há também a presença de um fator desencadeante, como estresse ou emoção intensa e súbita.
Caso essas características não estejam presentes, o médico levantará a suspeita de outro diagnóstico, como acidentes cerebrais vasculares (derrames), epilepsia ou demências.
Como é feito o diagnóstico da amnésia global transitória?
Ele é principalmente clínico. Isso significa que serão os sintomas relatados e os sinais identificados pelo médico durante o exame neurológico que determinarão o diagnóstico. Além dos sintomas que falamos acima, ele vai buscar entender se houve ingestão de bebida alcóolica ou sedativos pouco tempo antes do episódio de amnésia. Nessa situação, consideramos que ocorreu uma forma benigna da doença.
Em caso negativo, será excluído que o episódio tenha ocorrido devido a doença mais grave, a avaliação neurológica poderá se estender a:
- exames de imagem do cérebro, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada;
- testes anatômico-funcionais, como o eletroencefalograma;
- exames laboratoriais.
Então, se os seguintes critérios, conhecidos por Hodges e Warlow, forem preenchidos, poderá ser confirmado o diagnóstico de amnésia global transitória:
- ataques devem ser testemunhados (não basta apenas o relato do paciente a partir de sua impressão pessoal);
- deve haver amnésia anterógrada durante o ataque;
- o comprometimento cognitivo é limitado à amnésia;
- sem redução da consciência ou perda de identidade pessoal;
- sem sinais/sintomas neurológicos focais (como paralisia de um músculo ou tiques nervosos);
- sem características de crise epiléptica;
- duração máxima de 24 horas;
- sem história de traumatismo craniano ou epilepsia ativa.
Quais as causas e o tratamento?
Quando não é desencadeada pelo uso de álcool ou sedativos, ainda não há muita informação sobre a origem da amnésia global transitória. Recentemente, os pesquisadores identificaram que ela pode estar associada a uma falha no metabolismo de um tipo de neurônio chamado de CA1, geralmente após o estresse.
Como a condição se resolve espontaneamente, não é necessário fazer um tratamento específico. Entretanto, será essencial que o médico exclua a ocorrência de doenças mais graves.
Por esses motivos, todo o processo de diagnóstico e tratamento devem ser conduzidos por um médico experiente e especializado no sistema nervoso — o neurologista. Após uma avaliação neurológica rigorosa e detalhada, ele vai oferecer um plano de cuidados personalizado para ajudá-lo na prevenção e tratamento da amnésia global transitória ou outras condições neurológicas que ele possa, eventualmente, identificar.
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Dr. Matheus Trilico é neurologista referência no diagnóstico e acompanhamento de TEA e TDAH em adultos. Formado em medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA) e com residência em Neurologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e mestre também pela UFPR. Além de atuar como neurologista em consultório privado e no Sistema Único de Saúde (SUS), realiza também atividades acadêmicas. Dr. Matheus Trilico acredita que o ser humano precisa conhecer bem sua saúde e, por isso, transmite as informações sobre o quadro clínico de forma clara e didática, reafirmando seu compromisso com a exímia relação médico-paciente. Amante da tecnologia, busca utilizá-la para agregar conhecimento e facilitar a vida dos pacientes, mas sem perder seu foco: o humanismo e a qualidade do atendimento médico.
CRM 35.805/PR – RQE 24.818
