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O que é a reabilitação cognitiva e como ela é utilizada em tratamentos neurológicos?

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reabilitação cognitiva

A reabilitação cognitiva é um tratamento não farmacológico com o objetivo de restaurar ou compensar perdas de funcionalidade causadas por transtornos neurocognitivos, como a doença de Alzheimer, de Parkinson e Demência de Lewy. A partir dela, o indivíduo treina determinadas habilidades importantes para o seu dia a dia, reduzindo o impacto da patologia no bem-estar diário.

Ela também é muito utilizada para minimizar os danos de eventos vasculares e traumas que atingem o sistema nervoso central. Por exemplo, tem-se utilizado a reabilitação cognitiva cada vez mais para sequelas de acidentes vasculares cerebrais. Quer entender melhor como ela funciona e saber suas vantagens? Acompanhe este post!

O que é a reabilitação cognitiva?

Nosso cérebro comanda diversas funções cognitivas essenciais para a execução de tarefas no dia a dia. Muitas vezes, tudo funciona de forma tão automática que não nos damos conta de que há um órgão dedicado processando e interpretando as informações que chegam pelos nossos sentidos. Veja algumas delas:

  • memória — é a capacidade de armazenar, por curto ou longo prazo, informações que chegam aos nossos sentidos. Há a memória de curtíssimo período, que serve, por exemplo, para que você lembre um endereço de e-mail para enviar uma mensagem a alguém. Há também a que dura um longo tempo, que permite lembrar de eventos da infância;
  • linguagem — é a função de compreender e usar elementos da fala e da escrita com a finalidade de comunicar ou absorver informações;
  • praxias — são as habilidades que envolvem o uso de movimentos com uma finalidade específica, como fazer trabalhos manuais, escovar os dentes, entre outras;
  • atenção — refere-se à capacidade de selecionar as informações mais importantes para a execução de uma tarefa;
  • gnosias — é a capacidade de interpretar as informações não verbais que chegam pelos sentidos.

Além disso, há também um grupo de funções chamadas de executivas. Seu principal objetivo é reunir recursos para o planejamento e a execução de tarefas ou tomada de decisões.

O processo de redução das funções cognitivas é natural do envelhecimento humano. Entretanto, ele é lento e não prejudica significativamente as funcionalidades do organismo. Mesmo nesses casos, é possível reduzir as perdas por meio de treinamentos cognitivos orientados e conduzidos por profissionais adequados.

Apesar disso, em muitas doenças neurológicas as funções cognitivas declinam a ponto de prejudicar o indivíduo. Esse é o principal grupo que se beneficia da reabilitação cognitiva, que pode ter dois objetivos:

  • restaurar — são propostas atividades que buscam devolver ao paciente o máximo de determinada função cognitiva;
  • compensar — em determinados casos, a melhoria de determinada função não pode ser restaurada de forma significativa. Assim, é necessário utilizar estratégias para compensar o transtorno. Por exemplo, utilizar papel e caneta para anotar informações em vez de confiar na memória.

Como funciona a reabilitação cognitiva?

Para ter sucesso, a reabilitação cognitiva precisa ser conduzida por uma equipe multiprofissional que envolve especialistas como:

  • neurologistas — conduzem o processo de diagnóstico da condição neurológica, prescrevem a reabilitação e fazem um plano terapêutico visando a recuperação máxima do paciente;
  • neuropsicólogos — são psicólogos especialistas em uma área da medicina que trabalha principalmente com o estudo das funções cerebrais. Eles fazem testes para verificar as áreas que apresentam déficit, produzem laudos para os neurologistas e, juntos, eles decidem quais atividades de neurorreabilitação são prioritárias para melhorar as funcionalidades do organismo do indivíduo;
  • terapeutas ocupacionais — esses profissionais são responsáveis pelo treinamento do paciente para as atividades do dia a dia. Enquanto o neuropsicólogo foca terapias cognitivas e comportamentais de forma geral, o terapeuta ocupacional as desenvolve para a aplicação no dia a dia;
  • fonoaudiólogos — nos casos em que o transtorno cognitivo prejudica a linguagem do indivíduo, esse profissional entra com estratégias para a reabilitação de ações que envolvem as quatro habilidades linguísticas (fala, escrita, escuta e leitura) e o uso delas no dia a dia;
  • fisioterapeutas — quando a condição do paciente atinge as praxias que mencionamos acima, o fisioterapeuta é indicado para realizar um treinamento voltado à realização das funções diárias. No começo, busca-se desenvolver as habilidades mais importantes para o cotidiano, como higienizar-se e alimentar-se. Depois, são trabalhadas as funções mais complexas.

Dessa forma, o tratamento deve ser sempre realizado em equipe, mas em alguns casos o paciente não precisa de todos esses profissionais. A indicação é feita conforme a condição do indivíduo. No entanto, o acompanhamento com um neurologista é indispensável, pois ele será o responsável por perceber a necessidade do acompanhamento por outros profissionais.

Quais são as etapas da reabilitação cognitiva?

De forma geral, o processo de reabilitação cognitiva envolve os passos que mostraremos a seguir.

Avaliação neurológica

Na consulta com o neurologista, ele vai ouvir atentamente os relatos do paciente e de seus familiares e fazer várias perguntas sobre a história de saúde atual e passada. Então, o médico passa a um exame físico atento de todas as funções neurológicas e realiza testes cognitivos básicos. A partir disso, ele formula hipóteses diagnósticas sobre as possíveis condições que afetam o paciente.

Investigação complementar

A partir disso, podem ser requisitados vários exames de laboratório e imagem, além de avaliações com outros profissionais, como:

  • clínico geral ou geriatra (no caso dos idosos) para que ele faça um diagnóstico e um acompanhamento da saúde global do paciente que ajudará nas conclusões do neurologista;
  • outras especialidades médicas para o diagnóstico e tratamento de doenças em sistemas que podem influenciar a cognição. Por exemplo, a diabetes mellitus descontrolada e a insuficiência cardíaca podem causar um declínio cognitivo;
  • exames laboratoriais, que ajudam a confirmar ou descartar determinados diagnósticos;
  • exames de neuroimagem, como tomografias e radiografias simples, que podem mostrar alterações estruturais no sistema nervoso. Por exemplo, é possível verificar uma área de acidente vascular cerebral;
  • neuropsicólogo, que executa longas baterias de testes diagnósticos das funções cognitivas do indivíduo. Isso é feito em várias sessões com diferentes exames psicológicos. A partir disso, ele elabora um laudo para o neurologista.

Esse processo é chamado de diagnóstico diferencial para definir a causa mais provável do declínio cognitivo.

Diagnóstico e plano terapêutico

A partir dos resultados de todos os exames, do laudo neuropsicológico e da própria avaliação médica do paciente, o neurologista vai estabelecer um diagnóstico mais provável ou confirmá-lo para iniciar uma reabilitação mais focada.

Então, são priorizadas as áreas que necessitam de mais atenção devido à condição de base que provoca o declínio cognitivo e as perdas funcionais que mais prejudicam o indivíduo. Em seguida, são estabelecidas metas terapêuticas para o paciente.

Execução do plano de reabilitação

Com o trabalho integrado de todos os profissionais que citamos, diversas atividades serão feitas, como:

  • treinos cognitivos com jogos e atividades que estimulam as funções em declínio;
  • criação de estratégias compensatórias a partir da experiência do indivíduo, das habilidades preservadas e do padrão de declínio específico de sua doença;
  • terapias de regulação emocional para ajudar o paciente a lidar com os sentimentos de perda de funcionalidade;
  • tratamentos multiprofissionais específicos.

Acompanhamento neurológico

Durante todo esse processo, o neurologista fará um acompanhamento periódico com consultas regulares para verificar a evolução do paciente e seu estado de saúde. A partir disso, ele realizará novas avaliações neurológicas, além de propor modificações no plano terapêutico, pedir novos exames, orientar a família, entre outras ações.

Nos estudos médico-científicos, a reabilitação cognitiva mostrou resultados promissores em diversas condições. Para conferir os estudos que mostram sua eficácia, é só clicar nos links a seguir:

O processo de reabilitação cognitiva é importantíssimo para trazer funcionalidade e bem-estar ao indivíduo com alguma disfunção que afete seu cotidiano. Ele pode ser empregado em diversas condições, devendo sempre ser conduzido e indicado por um médico neurologista.

Quer saber mais sobre a reabilitação neurocognitiva e como ela pode ajudar você ou algum familiar? Entre em contato com a equipe do Dr. Matheus Trilico!

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