O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos cresceu nos últimos anos. Entretanto, isso não significa um aumento no número de casos, mas sim o reconhecimento de um diagnóstico muitas vezes negligenciado e a compreensão do público de que, mesmo em idade avançada, descobri-lo pode oferecer grandes benefícios e alívio ao paciente e familiares. Saiba mais sobre o autismo em adultos aqui.
Principais Tópicos Deste Artigo
Quais os sinais de autismo em adultos?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) ocorre em todas as idades, grupos raciais, étnicos e socioeconômicos. O autismo é geralmente caracterizado por dificuldades sociais, de comunicação e por comportamentos repetitivos ou estereotipados, embora os sinais do transtorno possam se apresentar de maneiras muito variadas entre as pessoas. Frequentemente, as formas graves de TEA são diagnosticadas nos primeiros dois anos de vida, mas nos indivíduos de alto funcionamento os sintomas podem passar despercebidos até muito mais tarde.
Sabemos que as principais dificuldades das pessoas com TEA estão no desenvolvimento padrão da linguagem, interação social, processos de comunicação e no comportamento social. Algumas crianças e adolescentes envelhecem sem enfrentar todas essas dificuldades. No entanto, quando se chega à idade adulta e a rotina e a estrutura da vida escolar acabam, junto com o apoio constante dos pais e do professor, os sintomas se tornam mais aparentes e impactantes.
Em adultos autistas que não foram diagnosticados na infância, mas vivem muito perto do que é considerado “normal”, ou seja, trabalham, estudam, sempre viveram em uma classe regular e iniciaram uma família, os sintomas mais prováveis são aqueles que caracterizam a menor gravidade do espectro.
Os sinais de autismo leve em adultos tendem a ser mais pronunciados na interação e comunicação social do que no próprio desenvolvimento cognitivo, pois não há deficiência intelectual ou mental. Por esse motivo, pode ser muito difícil detectar os sintomas de autismo em adultos, mas alguns sinais nos dão pistas importantes. Vamos te mostrar a seguir os principais sinais e sintomas do autismo em adultos:
- Expressões faciais e sinais não verbais são difíceis de serem percebidos e compreendidos;
- Há dificuldade para entender metáforas, ironias e piadas ambíguas ou com uma mensagem subliminar;
- Podem apresentar indiferença e pouca empatia com o outro, com dificuldade em perceber sinais de tristeza, raiva, tédio e até de alegria, a menos que sejam bastante óbvias;
- Dificuldade para demonstrar ou receber afeto. A proximidade, toque ou contato podem ser extremamente desagradáveis;
- Dificuldade para lidar com sentimentos, sejam os seus ou os de outrem;
- Preferem utilizar a linguagem direta e formal, o que faz com que às vezes sejam interpretados como extremamente sinceros;
- Preferem trabalhar sozinhos do que em equipe;
- Dificuldade em sair da rotina e resistentes às mudanças;
- Hiperfoco em um tópico ou interesse específico;
- Sensibilidade superior ao barulho;
- Restrição alimentar com seletividade para cor, textura, sabor ou cheiro.
Alguns autistas podem apresentar desempenho acima da média em determinadas atividades, tornando-os extremamente talentosos nelas, principalmente quando envolvem matemática, música e arte. Todavia, isso representa apenas cerca de 10% dos casos de TEA.
Com tantos sintomas, como é possível fazer o diagnóstico de autismo em adultos? Continue lendo para entender!
Diagnóstico de autismo em adultos
O diagnóstico de autismo em adultos tem crescido nos últimos anos. Isso não significa que a incidência do transtorno esteja aumentando, mas sim que o acesso à informação e à saúde tem fortalecido o diagnóstico precoce.
A consequência desse aumento no diagnóstico de TEA em crianças culminou com um incremento também no diagnóstico secundário de TEA em adultos – normalmente os pais. Acontece com certa frequência que, no momento do diagnóstico da criança, os pais percebem características semelhantes, que os fazem buscar ajuda, mesmo que tardiamente, muitas vezes receberem também o mesmo diagnóstico.
Infelizmente, o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista pode ser difícil em crianças e, ainda mais árduo, em adultos. Diferente da infância, na qual diversos instrumentos de avaliação estão disponíveis, para os adultos isso ainda não acontece. É por esse motivo que a consulta com o neurologista é apenas uma parte do processo, sendo necessária avaliação multidisciplinar que corrobore a suspeita diagnóstica.
Enquanto os autistas mais leves têm problemas para concluir um curso superior, trabalhar, manter um relacionamento amoroso e uma vida social, os autistas mais severos podem ter uma vida muito limitada, e até mesmo precisar de internamento no momento em que perdem seus cuidadores. Por isso é tão importante o diagnóstico precoce e correto do transtorno.
Quais os níveis de autismo em adultos?
O autismo varia de acordo com a gravidade dos sintomas, podendo ser, atualmente, classificados em três níveis conforme os critérios do DSM-V. O nível 1 é o que necessita menos suporte e normalmente apresenta melhor prognóstico, enquanto o nível 3 exige suporte maior de familiares e cuidadores. Quer entender melhor essa classificação? Continue lendo!
Autismo em adultos nível 1 – Leve
Trata-se da forma mais leve de autismo, sendo também conhecida como autismo de alto funcionamento. A maioria das pessoas autistas altamente funcionais vive e trabalha de forma independente. Apresenta sintomas como dificuldade em iniciar interações sociais, bem como interesse diminuído nelas; prejuízo na conversação; dificuldade em fazer amigos; problemas de organização e planejamento.
Autismo em adultos nível 2 – Moderado
Os pacientes com autismo nível 2 necessitam de suporte substancial segundo o DSM-V. Isso significa que eles têm funcionamento moderado com certo grau de independência, mas requerem também assistência para determinadas atividades.
Nesse caso, a dificuldade de comunicação verbal é maior com linguagem repetitiva; pouco contato visual; alguns problemas comportamentais aparentes em diversas situações cotidianas; dificuldade em mudar o foco ou a ação.
Autismo em adultos nível 3 – Grave
Aqui estão os pacientes com TEA que apresentam as maiores dificuldades, sendo também denominado como autismo de baixo funcionamento. Essas pessoas possuem as alterações mais graves do autismo, necessitando apoio significativo nas tarefas diárias (higiene pessoal, alimentação, dentre outros exemplos). Nesses casos, o suporte é muito substancial, requerendo vigilância constante.
Nesse artigo, explicamos um pouco sobre o autismo em adulto, seus principais sintomas e a dificuldade (bem como importância) do diagnóstico. Mostramos também que o autismo possui gravidades diferentes, sendo que muitos adultos com autismo leve podem não ser diagnosticados. Ainda, esclarecemos a importância do diagnóstico precoce correto e, embora alguns tenham receio dele, para outros esse pode ser um passo extremamente libertador na medida que ajuda a entender diversos sintomas e dificuldades cotidianas.
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Dr. Matheus Trilico é neurologista referência no diagnóstico e acompanhamento de TEA e TDAH em adultos. Formado em medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA) e com residência em Neurologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e mestre também pela UFPR. Além de atuar como neurologista em consultório privado e no Sistema Único de Saúde (SUS), realiza também atividades acadêmicas. Dr. Matheus Trilico acredita que o ser humano precisa conhecer bem sua saúde e, por isso, transmite as informações sobre o quadro clínico de forma clara e didática, reafirmando seu compromisso com a exímia relação médico-paciente. Amante da tecnologia, busca utilizá-la para agregar conhecimento e facilitar a vida dos pacientes, mas sem perder seu foco: o humanismo e a qualidade do atendimento médico.
CRM 35.805/PR – RQE 24.818