Em 16 de junho de 2020, pesquisadores da Universidade de Oxford anunciaram que a dexametasona pode reduzir mortes pelo coronavírus. Os pesquisadores acreditam ainda que essa possa ser a primeira droga que efetivamente reduziu as mortes pela COVID-19.
O estudo RECOVERY
Segundo os britânicos, trata-se do resultado do estudo RECOVERY (Randomised Evaluation of COVid-19 thERapY), iniciado em março de 2020 e que avaliou mais de 11.500 pacientes de 175 hospitais no Reino Unido. O estudo avalia não apenas a dexametasona, mas outros possíveis tratamentos como a hidroxicloroquina, azitromicina, lopinavir-ritonavir e outros. Todavia, até o momento, a dexametasona foi a que se mostrou mais promissora.
De acordo com os cientistas da Universidade de Oxford, 2104 pacientes (parte dos 11.500) receberam o corticoide dexametasona na dose de 6mg/dia (oral ou intravenoso) por 10 dias e foram comparados com 4321 outros pacientes que receberam o tratamento usual sem a dexametasona. Ao se avaliar a mortalidade em 28 dias, obteve-se os seguintes resultados:
- redução de até um terço da mortalidade em pacientes sob ventilação mecânica (rate ratio 0.65 [95% intervalo de confiança de 0.48 a 0.88]; p=0.0003)
- redução de até um quinto (20%) em pacientes necessitando de oxigênio suplementar, porém que não estavam em ventilação mecânica (0.80 [0.67 a 0.96]; p=0.0021)
- ausência de benefício nos pacientes que não necessitavam de oxigênio suplementar (1.22 [0.86 a 1.75; p=0.14)
A esperança da dexametasona
Nas palavras de Peter Horby, um dos pesquisadores do estudo:
“A dexametasona é a primeira droga que mostrou melhorar a sobrevida nos pacientes com a COVID-19. Este é um resultado extremamente bem-vindo. O benefício da sobrevivência é claro e amplo nestes pacientes que estavam doentes o suficiente para precisarem de tratamento com oxigênio. Então, a dexametasona pode agora se tornar padrão no cuidado destes pacientes. Ela é barata e pode ser usada imediatamente para salvar vidas ao redor do mundo”.
Tendo em vista a importância pública desses resultados, os pesquisadores agora trabalham para publicá-los na íntegra em breve para corroborar que a dexametasona pode reduzir mortes pelo coronavírus. No momento em que o mundo ultrapassa as 430 mil mortes, sendo mais de 44 mil só no Brasil, que também tem mais de 900 mil casos confirmados, este certamente é um resultado bastante animador.
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Dr. Matheus Trilico é neurologista referência no diagnóstico e acompanhamento de TEA e TDAH em adultos. Formado em medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA) e com residência em Neurologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e mestre também pela UFPR. Além de atuar como neurologista em consultório privado e no Sistema Único de Saúde (SUS), realiza também atividades acadêmicas. Dr. Matheus Trilico acredita que o ser humano precisa conhecer bem sua saúde e, por isso, transmite as informações sobre o quadro clínico de forma clara e didática, reafirmando seu compromisso com a exímia relação médico-paciente. Amante da tecnologia, busca utilizá-la para agregar conhecimento e facilitar a vida dos pacientes, mas sem perder seu foco: o humanismo e a qualidade do atendimento médico.
CRM 35.805/PR – RQE 24.818