A enxaqueca é a principal causa de dor de cabeça no Brasil. Ela se caracteriza por episódios que duram de 4 a 72 horas, com a presença de outros sintomas, como náuseas e sensibilidade à luz. O tratamento de enxaqueca com a toxina botulínica é promissor para esses casos.
O tratamento da enxaqueca passou por muitas evoluções nos últimos anos. Esse tipo de dor de cabeça (cefaleia) atinge uma parcela significativa da população e geralmente não responde aos medicamentos convencionais, os analgésicos. De acordo com uma pesquisa acadêmica, 45% das pessoas têm queixa de cefaleia na atenção primária.
Por isso, muitos estudos foram realizados para descobrir quais são os eventos físicos que desencadeiam a enxaqueca a fim de encontrar um alvo terapêutico eficaz. Diante disso, surgiu uma solução promissora: a toxina botulínica no tratamento de enxaqueca. Quer saber mais sobre ela? Continue a leitura e confira!
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O que causa a enxaqueca?
Uma confusão muito comum que as pessoas fazem é chamar toda dor de cabeça de “enxaqueca“. No entanto, a enxaqueca é um tipo específico de dor, sendo que há outros, como a cefaleia tensional. O tratamento para cada um deles é diferente, visto que a causa também é.
No caso da enxaqueca, ocorrem alterações nos vasos do cérebro associadas a uma disfunção do sistema de condução neurológica dos estímulos da dor. Como consequência, há uma estimulação intensa dos centros da dor e a contração intensa dos músculos do crânio.
Como é feito o diagnóstico da enxaqueca?
O diagnóstico da enxaqueca deve ser feito por um profissional experiente. Naqueles casos em que o tratamento clínico é desafiador, é feito um encaminhamento médico para o neurologista. Ele é o melhor especialista para avaliar a sintomatologia da sua enxaqueca, requisitar exames para um diagnóstico mais preciso e, assim, chegar ao tratamento de enxaqueca mais eficaz.
Para que uma dor de cabeça seja classificada como enxaqueca, você precisa apresentar um mínimo de cinco crises com as seguintes características:
- a duração deve ser de 4 a 72 horas sem nenhuma tratamento ou em caso de falha;
- a dor deve apresentar, pelo menos, dois dos seguintes aspectos: unilateral (em apenas um dos lados da cabeça), pulsátil (como se estivesse piscando), de intensidade moderada a intensa, e piorar ou impedir a atividade física rotineira (como subir escadas e caminhar);
- durante a dor, você deve apresentar náuseas e vômitos ou sensibilidade a luz e ao som.
Além disso, esses sintomas não devem estar relacionados a outra condição ou uso de medicamentos. Para isso, exames complementares podem ser requisitados pelo médico.
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Como age a toxina botulínica no tratamento de enxaqueca?
A principal ação da toxina botulínica no nosso corpo é promover o relaxamento muscular da região em que é aplicada. Por esse motivo, na estética, ela é usada para minimizar as rugas de expressão.
Já na enxaqueca, o mecanismo é semelhante e engloba também a modulação de neurotransmissores responsáveis pela sensação de dor (como a substância P e a calcitonina), além de reduzir o espasmo dos músculos da região do crânio.
Para isso, ela é aplicada em vários pontos da face, do couro cabelo e do pescoço a cada 12 ou 15 semanas. Por agir em um mecanismo diferente dos analgésicos e medicamentos para enxaqueca tradicionais, ela apresenta uma boa eficácia para reduzir a intensidade e a frequência das crises, especialmente nos casos refratários.
Portanto, a toxina botulínica é mais uma aliada do tratamento da enxaqueca. No entanto, para o sucesso dele, é preciso fazer um acompanhamento frequente com um neurologista, pois a falta de cuidados e uma aplicação incorreta podem agravar ainda mais o caso.
Quer saber mais sobre esse e outros tratamentos para a enxaqueca? Então, confira o nosso post completo sobre o assunto!
Dr. Matheus Trilico é neurologista referência no diagnóstico e acompanhamento de TEA e TDAH em adultos. Formado em medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA) e com residência em Neurologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e mestre também pela UFPR. Além de atuar como neurologista em consultório privado e no Sistema Único de Saúde (SUS), realiza também atividades acadêmicas. Dr. Matheus Trilico acredita que o ser humano precisa conhecer bem sua saúde e, por isso, transmite as informações sobre o quadro clínico de forma clara e didática, reafirmando seu compromisso com a exímia relação médico-paciente. Amante da tecnologia, busca utilizá-la para agregar conhecimento e facilitar a vida dos pacientes, mas sem perder seu foco: o humanismo e a qualidade do atendimento médico.
CRM 35.805/PR – RQE 24.818