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O Que São os 3 Níveis do Autismo? Entenda melhor!

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Níveis do autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social. O TEA é classificado em três níveis de gravidade, popularmente conhecidos como “níveis do autismo“, “níveis de apoio” ou “níveis de suporte”, conforme o DSM-5. Compreender esses níveis é crucial para entender tamanha discussão – e confusão – por trás do assunto.

O Que Define os Níveis do Autismo?

Os níveis do TEA são definidos pela quantidade de suporte que a pessoa necessita:

  1. Nível 1: Necessidade de Apoio – Pessoas com TEA nível 1 geralmente têm dificuldades em iniciar interações sociais e podem parecer desinteressadas. Elas podem ter problemas com a organização e planejamento, o que pode afetar sua independência.
  2. Nível 2: Necessidade de Apoio Substancial – Indivíduos com TEA nível 2 têm dificuldades mais significativas na comunicação verbal e não verbal. Eles podem exibir comportamentos repetitivos e ter dificuldades em lidar com mudanças.
  3. Nível 3: Necessidade de Apoio Muito Substancial – Pessoas com TEA nível 3 têm dificuldades severas na comunicação e comportamento. Elas podem ser não verbais e precisar de suporte constante para atividades diárias.
Níveis do autismo
Níveis do autismo. American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Impacto dos Níveis do Autismo na Vida Diária

A seguir, vamos explicar um pouco dos níveis do autismo, dando exemplos práticos de cada um deles. Lembre-se de que são apenas exemplos e, tratando-se do espectro, as características são muito variáveis mesmo dentro de pessoas do mesmo nível! Não use isso como algo definitivo ou como um “auto-diagnóstico”.

Nível 1: “Exigindo apoio”

Pessoas com TEA nível 1 geralmente têm dificuldades em iniciar interações sociais e podem parecer desinteressadas. Elas podem ter problemas com a organização e planejamento, o que pode afetar sua independência. Esse nível de autismo ficou popularmente conhecido como “autismo leve“, sendo motivo de muitas críticas.

Exemplo Prático: João, um adulto com TEA nível 1, trabalha em um escritório. Ele é altamente qualificado, mas frequentemente se sente sobrecarregado com prazos e mudanças inesperadas. Nitidamente apresenta dificuldade na comunicação e interação social, porém com esforço e treinamento ele consegue se comunicar através de frases completas. Com suporte adequado, João consegue gerenciar suas tarefas e se destacar em sua carreira, apesar de ter constantemente mais dificuldade do que seus pares sem esse diagnóstico.

Nível 2: “Exigindo apoio substancial”

Indivíduos com nível do autismo 2 têm dificuldades mais significativas na comunicação verbal e não verbal. Eles podem exibir comportamentos repetitivos mais notáveis do que aqueles nível 1 e ter dificuldades em lidar com mudanças.

Exemplo Prático: Maria, uma jovem com TEA nível 2, frequenta uma escola regular com suporte adicional. Ela tem um plano educacional individualizado (PEI) que inclui terapia da fala e assistência em sala de aula. Esse suporte permite que Maria participe ativamente das aulas e desenvolva suas habilidades sociais. Sem esse suporte, Maria apresenta frases simples e sua interação se limita a interesses especiais reduzidos. Maria tem uma dificuldade maior do que João em lidar com mudanças, além de ter comportamentos repetitivos que podem ser vistos facilmente por um observador casual.

Nível 3: “Exigindo apoio muito substancial”

Pessoas com TEA nível 3 têm dificuldades severas na comunicação e comportamento. Elas podem ser não verbais e precisar de suporte constante para atividades diárias.

Exemplo Prático: Pedro, um adulto com TEA nível 3, vive em uma residência com seus pais. Ele recebe suporte 24 horas por dia para suas necessidades diárias, como alimentação e higiene. A família é a rede de apoio e trabalha com Pedro para desenvolver habilidades básicas de comunicação usando dispositivos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA). Pequenas mudanças causam grande sofrimento em Pedro e mudança nítida em seu comportamento.

Estratégias de Inclusão e Suporte

Inclusão no Ambiente de Trabalho

A inclusão no ambiente de trabalho é essencial para promover a independência e autoestima das pessoas com TEA. Empresas podem adotar práticas inclusivas, como ajustes no ambiente de trabalho e treinamento de colegas.

Exemplo Prático: A empresa de João implementou um programa de mentoria para funcionários com TEA. Isso não só ajudou João a se adaptar melhor ao ambiente de trabalho, mas também aumentou a conscientização e empatia entre os colegas.

Inclusão na Educação

A inclusão educacional é fundamental para o desenvolvimento das crianças com TEA. Programas educacionais individualizados (PEI) e suporte adicional em sala de aula são essenciais.

Exemplo Prático: A escola de Maria oferece um programa de inclusão que inclui aulas de habilidades sociais e suporte de um assistente educacional. Isso permite que Maria participe de atividades escolares e desenvolva amizades.

A Importância da Intervenção Precoce e Abordagens Terapêuticas Eficazes

A Importância da Intervenção Precoce

A intervenção precoce é crucial para melhorar os resultados a longo prazo para pessoas com TEA, independente do nível do autismo. Estudos mostram que quanto mais cedo as intervenções são iniciadas, maiores são as chances de desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas e comportamentais. A intervenção precoce pode ajudar a minimizar os desafios associados ao autismo e promover um desenvolvimento mais harmonioso.

Benefícios da Intervenção Precoce:

  • Desenvolvimento de Habilidades Sociais: Ajuda crianças e adultos a aprenderem a interagir com os outros de maneira mais eficaz, independente do nível do autismo.
  • Melhoria na Comunicação: Promove o desenvolvimento da linguagem e outras formas de comunicação.
  • Redução de Comportamentos Desafiadores: Ajuda a gerenciar e reduzir comportamentos repetitivos e restritivos.
  • Apoio Educacional: Prepara as crianças para um ambiente educacional inclusivo.

Abordagens Terapêuticas Eficazes

Existem várias abordagens terapêuticas que têm se mostrado eficazes para pessoas com TEA. A escolha da terapia pode depender do nível do autismo e das necessidades individuais da pessoa. Aqui estão algumas das abordagens mais comuns:

1. Análise do Comportamento Aplicada (ABA): A ABA é uma abordagem baseada em evidências que utiliza princípios de aprendizagem para promover comportamentos positivos e reduzir comportamentos indesejados. É amplamente utilizada para crianças com TEA e pode ser adaptada para adultos.

2. Terapia Ocupacional: A terapia ocupacional ajuda as pessoas com TEA a desenvolver habilidades necessárias para a vida diária, como vestir-se, comer e higiene pessoal. Também pode incluir atividades para melhorar a coordenação motora e habilidades sensoriais.

3. Terapia da Fala e Linguagem: Essa terapia é essencial para pessoas com TEA que têm dificuldades de comunicação. Pode ajudar a desenvolver habilidades verbais e não verbais, como o uso de gestos e dispositivos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA).

4. Intervenções Baseadas em Desenvolvimento: Essas intervenções focam no desenvolvimento emocional e social da criança.

5. Terapias Sensoriais: Algumas pessoas com TEA têm dificuldades de processamento sensorial. As terapias sensoriais ajudam a regular as respostas sensoriais e melhorar a capacidade de lidar com estímulos sensoriais. No caso dos autistas adultos, por exemplo, utilizar técnicas de integração sensorial e autorregulação com um terapeuta ocupacional é extremamente importante.

6. Programas Educacionais Individualizados (PEI): Para crianças em idade escolar, os PEIs são essenciais para garantir que as necessidades educacionais específicas sejam atendidas. Esses programas são desenvolvidos em colaboração com educadores, terapeutas e pais.

A Importância do Suporte Continuado

O suporte contínuo é vital para pessoas com TEA, independentemente do nível do autismo. À medida que as necessidades mudam ao longo do tempo, é importante ajustar as intervenções e o suporte para garantir que continuem a ser eficazes. Isso pode incluir a transição de serviços infantis para adultos, suporte no local de trabalho e assistência na vida independente.

A Complexidade de Classificar a Severidade do Autismo

Classificar a severidade do autismo é uma tarefa complexa que vai além dos sintomas centrais. Segundo um estudo de 2023, os métodos atuais de avaliação, que se baseiam nos níveis de gravidade dos domínios “comunicação social” e “padrões restritos ou repetitivos de comportamentos”, apresentam limitações significativas.

Esses métodos não capturam a complexidade da condição, deixando de considerar fatores adicionais como habilidades de vida diária, necessidades específicas de suporte, condições médicas co-ocorrentes (como epilepsia e ansiedade) e outras limitações biopsicossociais.

Uma avaliação mais abrangente poderia levar a uma melhor caracterização clínica dos indivíduos autistas, permitindo intervenções mais personalizadas e eficazes, além de promover uma pesquisa mais focada nas variações individuais e nos subgrupos dentro do espectro autista, indo além dos atuais níveis do autismo.

Conclusão

Compreender os níveis do autismo e as necessidades específicas de suporte é fundamental para fornecer intervenções eficazes e promover a inclusão. A intervenção precoce, combinada com abordagens terapêuticas personalizadas, pode fazer uma diferença significativa na vida das pessoas com TEA. Além disso, o suporte contínuo e a conscientização da comunidade são essenciais para criar um ambiente inclusivo e de apoio. Portanto, não se prenda ao nível do autismo, mas em fornecer apoio independente dele!


Referências Bibliográficas

  1. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.).
  2. Lord, C., Elsabbagh, M., Baird, G., & Veenstra-Vanderweele, J. (2018). Autism spectrum disorder. The Lancet, 392(10146), 508-520.
  3. Dawson, G., Rogers, S., Munson, J., Smith, M., Winter, J., Greenson, J., … & Varley, J. (2010). Randomized, controlled trial of an intervention for toddlers with autism: the Early Start Denver Model. Pediatrics, 125(1), e17-e23.
  4. Schreibman, L., Dawson, G., Stahmer, A. C., Landa, R., Rogers, S. J., McGee, G. G., … & Halladay, A. (2015). Naturalistic developmental behavioral interventions: Empirically validated treatments for autism spectrum disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders, 45, 2411-2428.
  5. Waizbard-Bartov, E., Fein, D., Lord, C., & Amaral, D. G. (2023). Autism severity and its relationship to disability. Autism research : official journal of the International Society for Autism Research16(4), 685–696.
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