Sinais de Autismo em Mulheres: a arte de identificá-los

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Sinais de Autismo em Mulheres

Os sinais de autismo em mulheres nem sempre são fáceis de se identificar. Sabe-se que o Transtorno do Espectro Autismo (TEA) é uma condição complexa do neurodesenvolvimento que afeta, principalmente, a comunicação, o comportamento e a interação social de uma pessoa. Como o próprio nome diz, o TEA faz parte de um espectro, ou seja, as manifestações podem ser muito variadas entre indivíduos com o mesmo diagnóstico e isso é ainda mais peculiar no sexo feminino.

Mas quais são os sinais de autismo em mulheres? Como identificá-los e como buscar ajuda? Se você ficou curioso(a) e quer entender melhor sobre o assunto, continue lendo!

Sinais de autismo em mulheres

O autismo é mais comum em meninos do que em meninas, mas isso não significa que elas não possam ter o transtorno. Na verdade, estima-se que uma em cada quatro pessoas com autismo seja do sexo feminino. Todavia, muitas vezes, o diagnóstico do autismo em mulheres é mais difícil ou tardio, pois elas tendem a camuflar ou compensar os sintomas.

Estudos mostram que existem diferenças neurobiológicas e clínicas entre mulheres e homens com autismo. Em uma pesquisa publicada em maio de 2023 na Neurologic Clinics, os autores explicam que as mulheres com autismo tendem a apresentar características menos típicas do que os homens, como maior capacidade de imitar o comportamento social, maior flexibilidade cognitiva e menor interesse por temas comuns. Essas diferenças podem fazer com que mulheres passem despercebidas pelos critérios diagnósticos tradicionais de autismo, que foram baseados principalmente em estudos com homens.

Além disso, as mulheres com autismo enfrentam com maior frequência condições como ansiedade, depressão e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), o que pode mascarar ou confundir os sintomas do autismo nesse grupo. Muitas vezes, elas só recebem o diagnóstico na idade adulta, após anos de sofrimento e incompreensão.

Assim, percebe-se que é extremamente importante investigar o autismo e encaminhar para avaliação médica e psicológica as mulheres que apresentam dificuldades sociais e condições de saúde mental complexas, ainda que nem todas as características do TEA estejam claramente evidentes. Um diagnóstico preciso pode facilitar o entendimento dos desafios, aumentar o acesso a tratamentos específicos e aliviar o impacto do autismo na qualidade de vida. Portanto, urge conhecermos os sinais de autismo em mulheres e vamos te dar alguns exemplos a seguir!

6 Sinais de Autismo em Mulheres

  1. Dificuldade de se relacionar socialmente com outras pessoas, em especial com as do mesmo sexo ou da mesma faixa etária. As mulheres com TEA podem se sentir deslocadas, incompreendidas ou rejeitadas pelos seus pares. Elas podem ter dificuldade de iniciar ou manter conversas, entender as regras sociais implícitas, expressar ou interpretar emoções e intenções, fazer amigos ou namorar;
  2. Interesses restritos ou intensos por determinados assuntos, atividades ou objetos. As mulheres com autismo podem se dedicar obsessivamente a temas que lhes fascinam, como animais, arte, literatura, música, história ou ciência. Elas podem ter uma memória excepcional para detalhes relacionados aos seus interesses, mas dificuldade de se concentrar em outras áreas. Elas também podem colecionar ou organizar objetos de forma peculiar;
  3. Necessidade de rotina e previsibilidade. Elas podem se sentir ansiosas ou irritadas diante de mudanças inesperadas ou imprevistos em seus planos. Elas podem preferir seguir um horário fixo, fazer as mesmas coisas todos os dias e ter dificuldade de se adaptar a novas situações ou ambientes;
  4. Dificuldade de lidar com estímulos sensoriais. As mulheres no espectro podem ser hipersensíveis ou hipossensíveis a sons, luzes, cores, cheiros, sabores, texturas ou toques. Elas podem se incomodar com ruídos altos, etiquetas nas roupas, perfumes fortes ou alimentos diferentes. Elas também podem buscar sensações sensoriais específicas, como balançar o corpo, girar objetos ou mordê-los.
  5. Comportamentos repetitivos ou estereotipados. As mulheres com autismo podem apresentar movimentos corporais repetidos, como balançar as mãos, bater os pés ou rodar a cabeça. Elas também podem repetir palavras, frases ou sons sem sentido (ecolalia), fazer perguntas repetidas (perseveração) ou seguir rituais rígidos (compulsão).
  6. Dificuldade de regular as emoções e o humor. Elas também podem ter explosões emocionais desproporcionais a situações estressantes ou frustrantes. Podem chorar, gritar, bater ou se machucar sem motivo aparente e sem o intuito de se ferir – mas com a intenção de se acalmar. As mulheres com TEA podem ter dificuldade de expressar seus sentimentos adequadamente ou reconhecer os sentimentos dos outros (empatia).

Camuflagem no autismo em mulheres

Um dos fatores que dificulta o diagnóstico do autismo em mulheres é a camuflagem dos sinais do transtorno. Para tentar se encaixar melhor nos grupos e situações sociais, muitas pessoas com TEA desenvolvem estratégias de camuflagem. Essas estratégias consistem em imitar ou copiar comportamentos considerados socialmente adequados, escondendo ou disfarçando as características inerentes ao espectro. Complexo? Sim, pode realmente ser! Por isso, vamos te explicar melhor sobre o assunto – continue lendo!

Camuflagem no autismo é o processo de mudar ou ocultar aspectos da personalidade ou do comportamento de uma pessoa com TEA para se adaptar às expectativas sociais ou evitar a discriminação. Muitas vezes, a camuflagem envolve imitar gestos, expressões faciais, tom de voz ou interesses de outras pessoas neurotípicas, ou suprimir características autistas, como estereotipias, hiperfoco ou sensibilidade sensorial.

A camuflagem, que inclui estratégias como compensação, mascaramento e assimilação, costuma ser mais frequente e mais eficaz em meninas e mulheres com autismo do que em meninos e homens. Isso pode estar relacionado a fatores biológicos, culturais e educacionais que influenciam o desenvolvimento social das mulheres. Por exemplo, as mulheres tendem a ter mais habilidades de empatia e comunicação não verbal do que os homens, o que pode facilitar a imitação de comportamentos neurotípicos. Além disso, as mulheres podem estar mais expostas a pressões sociais para se conformar aos papéis de gênero e às normas de interação.

A camuflagem e a compensação podem ser feitas de forma consciente ou inconsciente, variando de acordo com o contexto, o objetivo e a pessoa. Por exemplo, uma mulher autista pode aprender a sorrir, fazer contato visual ou puxar assunto com outras pessoas, mesmo que isso não seja natural ou confortável para ela.

A camuflagem, também chamada de “masking”, pode ter algumas vantagens, como facilitar a integração social, evitar o preconceito ou o bullying e aumentar a autoestima, ainda que temporariamente e demandando grande energia. No entanto, essas estratégias também têm um custo alto para as mulheres autistas, que podem sofrer com a exaustão física e emocional, o estresse, a ansiedade, a depressão, o burnout e outras condições.

Isso acontece porque a camuflagem exige um esforço cognitivo muito grande, que consome muita energia do indivíduo. Além disso, essas estratégias podem impedir que as mulheres autistas se expressem de forma autêntica, reconheçam suas necessidades e limites, e busquem apoio adequado.

A importância do diagnóstico

Por tudo isso que comentamos sobre o autismo em mulheres, é fundamental que haja mais conscientização, informação e pesquisa sobre o tema, especialmente a respeito da camuflagem e das dificuldades diagnósticas que ela traz. É preciso reconhecer e valorizar a diversidade do espectro autista, respeitando as características individuais de cada pessoa. Não se pode esquecer também de oferecer suporte adequado às mulheres autistas, ajudando-as a desenvolver suas potencialidades e a cuidar da sua saúde física e mental.

Se você é uma mulher autista ou conhece alguém que seja, saiba que você não está sozinha! Existem muitas outras mulheres como você, que enfrentam os mesmos desafios e têm os mesmos direitos. Procure por ajuda de profissionais capacitados no tema, participe de grupos de apoio e acesse informações de qualidade para compreender melhor o assunto.

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