A trombose venosa cerebral (TVC) acontece quando há formação de coágulos sanguíneos nos canais venosos que irrigam o cérebro, obstruindo a circulação de sangue no local.
Segundo dados da Associação Americana do Coração, a patologia atinge, aproximadamente, 5 em cada 1 milhão de pessoas, e corresponde a até 1% dos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Embora seja um tipo de AVC, a trombose cerebral não é uma doença prevalente na população idosa, atingindo majoritariamente adultos, especialmente mulheres. É uma condição perigosa, que pode causar sequelas graves e até mesmo levar o paciente a óbito. Por isso, é fundamental conhecê-la.
No conteúdo de hoje, vamos abordar os principais aspectos da trombose cerebral, mostrando por que ela acontece, os tipos, os sintomas e as formas de tratamento. Acompanhe e tire todas as suas dúvidas sobre o assunto!
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O que é trombose venosa cerebral?
O cérebro é um órgão que demanda muito oxigênio — cerca de 20% do que consumimos. E para que esse oxigênio possa chegar e agir corretamente, o sistema vascular encefálico é encarregado de fazer com que o sangue alcance as nossas cabeças.
Isso acontece da seguinte forma: primeiro, o sangue arterial (rico em oxigênio) é bombeado por meio das artérias. Após se difundir e irrigar a massa encefálica, o sangue, agora chamado de sangue venoso (pois agora tem pouco oxigênio e muito dióxido de carbono), retorna ao coração, passando pelos seios venosos e, em seguida, pelas veias cerebrais.
A trombose venosa cerebral acontece quando há a formação de um coágulo nos seios venosos ou nas veias cerebrais, obstruindo a passagem de sangue.
Os seios venosos, por sua vez, são estruturas que comportam o sangue, armazenando-o antes de ele se ramificar pelas veias e retornar ao coração. Você pode imaginá-lo como uma espécie de reservatório, em que o sangue venoso é despejado e a velocidade do fluxo é menor.
Conforme o volume aumenta, a quantidade de sangue vai se acumulando no seio e há um aumento da pressão, que pode fazer com que o vaso se rompa, ocasionando um AVC.
Há também a trombose arterial cerebral, em que acontece uma oclusão na artéria — estruturas responsáveis por levar o sangue rico em oxigênio para os tecidos.
Além de levar ao rompimento dos vasos, a trombose cerebral também diminui a oxigenação do cérebro, o que pode causar a morte das células neuronais. De acordo com a área atingida, essa perda pode comprometer funções fundamentais, responsáveis, por exemplo, pelos movimentos, fala, visão e audição.
Quais são os principais sintomas da trombose cerebral?
Os sintomas da trombose cerebral variam de acordo com o tipo — se é arterial ou venosa. Na trombose venosa cerebral, o sintoma mais comum é a dor de cabeça constante. Além disso, o paciente também pode apresentar:
- náuseas e vômitos;
- papiledema, onde há um inchaço anormal no nervo óptico;
- visão borrada;
- convulsão.
Já no caso da trombose arterial, as manifestações são semelhantes a de um AVC “comum”. São elas:
- formigamento e paralisia súbita em um lado do corpo;
- dificuldade para falar;
- alteração na visão;
- confusão mental;
- tonturas, perda de coordenação e equilíbrio;
- dor de cabeça súbita.
Quais são as causas?
Como vimos, a trombose venosa cerebral ocorre quando há algum defeito na coagulação do sangue nos seios ou nas veias cerebrais, formando um trombo, que impede o fluxo sanguíneo habitual no cérebro. A formação desses coágulos pode acontecer por diversos motivos. Confira abaixo!
Trombofilia genética e/ou distúrbios de coagulação
A coagulação do sangue é um processo benéfico e extremamente necessário para a sobrevivência — ele é responsável por estancar o sangue em um corte, por exemplo, impedindo que tenhamos uma hemorragia. No entanto, algumas condições podem fazer com que esse mecanismo não funcione da forma correta.
A trombofilia, por exemplo, é uma deficiência enzimática que aumenta a tendência do surgimento de coágulos. Pode ser hereditária ou adquirida ao longa da vida e, em ambos os casos, pode ser potencializada por fatores de riscos. Doenças autoimunes, como lúpus, também podem aumentar a incidência de coágulos.
Associação a fatores de risco
A trombose cerebral pode ocorrer quando o paciente apresenta características ou condições que são fatores de risco para a incidência da trombose, mesmo que nunca tenha mostrado alguma predisposição genética. Podemos citar:
- tabagismo;
- gravidez;
- uso de anticoncepcional oral;
- puerpério, período imediatamente após o parto.
- obesidade;
- pressão alta ou problemas cardíacos.
Presença de tumores
Os tumores também podem comprimir os canais venosos, estreitando o espaço utilizado para o fluxo sanguíneo. Além disso, alguns medicamentos quimioterápicos utilizados no tratamento de doenças oncológicas também podem aumentar as chances de formação do trombo.
Por que a trombose cerebral afeta mais as mulheres?
A trombose cerebral é até 3 vezes mais prevalente em mulheres de meia idade do que em homens. Isso acontece porque, como mostramos anteriormente, alguns fatores de risco da TVC incluem condições associadas ao sexo feminino, como uso de contraceptivo oral, gravidez e puerpério.
Como é o tratamento?
A principal forma de tratamento da trombose cerebral e por meio de medicamentos anticoagulantes. De acordo com a orientação médica, eles podem ser injetados diretamente, com o intuito de dissolver o trombo, ou ingeridos via oral, de forma preventiva, com o objetivo de prevenir a formação de novos coágulos, podendo também dissolver os antigos.
Além disso, é importante ter atenção ao histórico familiar e aos fatores de risco modificáveis. Por exemplo, caso seja constatado que a trombose foi ocasionada devido a determinado anticoncepcional, deve-se estudar novas alternativas para essa medicação.
Prevenção é a palavra-chave quando falamos no tratamento da trombose cerebral. Manter-se hidratado, ter uma dieta saudável, praticar atividade física e se movimentar após longos períodos em repouso melhora a circulação sanguínea e diminui as chances da patologia.
Fazer o acompanhamento regular com um médico neurologista de confiança também é ponto fundamental no tratamento da trombose cerebral, garantindo um cuidado completo com a saúde!
Portanto, a trombose cerebral é o que acontece quando há um entupimento nos seios venosos, veias ou artérias cerebrais, impedindo e/ou dificultando o fluxo sanguíneo no local. Ela pode ser caracterizada em dois tipos, arterial ou venosa, de acordo com seus sintomas e o local do cérebro onde ocorrem.
Mais prevalente em mulheres, o trombo, resultado do coágulo sanguíneo, está relacionado a diversos fatores de risco, como uso de contraceptivo oral e gravidez. A patologia pode causar sequelas graves e até mesmo levar à morte — por isso, é importante conhecer, se prevenir e contar com um médico neurologista de confiança!
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Dr. Matheus Trilico é neurologista referência no diagnóstico e acompanhamento de TEA e TDAH em adultos. Formado em medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA) e com residência em Neurologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e mestre também pela UFPR. Além de atuar como neurologista em consultório privado e no Sistema Único de Saúde (SUS), realiza também atividades acadêmicas. Dr. Matheus Trilico acredita que o ser humano precisa conhecer bem sua saúde e, por isso, transmite as informações sobre o quadro clínico de forma clara e didática, reafirmando seu compromisso com a exímia relação médico-paciente. Amante da tecnologia, busca utilizá-la para agregar conhecimento e facilitar a vida dos pacientes, mas sem perder seu foco: o humanismo e a qualidade do atendimento médico.
CRM 35.805/PR – RQE 24.818