Já ouviu falar em nevralgia do trigêmeo? Veja as causas e os sintomas

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nevralgia do trigêmeo
A nevralgia do trigêmeo é uma condição caracterizada por uma dor muito forte na região facial devido à disfunção de um dos nervos que transmitem as sensações até o sistema nervoso central. Muitas pessoas a descrevem como uma das piores dores que já sentiram na vida.

A nevralgia do trigêmeo (ou neuralgia do trigêmeo) é uma condição caracterizada por uma dor muito forte na região facial devido à disfunção de um dos nervos que transmitem as sensações até o sistema nervoso central. Muitas pessoas a descrevem como uma das piores dores que já sentiram na vida.

Geralmente, é uma dor tão característica que os médicos experientes conseguem fazer o diagnóstico sem a necessidade de exames. Por esse motivo, passar por um bom profissional é imprescindível para diagnosticar e tratar adequadamente a doença.

Sem esse olhar clínico especializado, você pode tratar a nevralgia do trigêmeo como uma dor de cabeça comum e adiar um tratamento mais resolutivo e definitivo. Quer entender melhor? Acompanhe!

Como identificar a nevralgia do trigêmeo?

Na medicina, quando um médico avalia uma dor na entrevista com o paciente, ele busca caracterizá-la da forma mais detalhada possível. Em grande parte dos casos, a anamnese e um exame físico aprofundado são o suficiente para chegar ao diagnóstico, mesmo sem fazer testes laboratoriais. Os atributos mais importantes de uma dor são:

  • características do paciente: idade, sexo e etnia;
  • qualidade: se é em pontada, em pressão, em relâmpagos;
  • intensidade: o quão forte aquela dor é subjetivamente para o paciente;
  • localização: é a delimitação mais exata possível de onde a dor ocorre;
  • irradiação: se a dor é transmitida para outro local do corpo;
  • sintomas associados: se durante a crise aparecem outros sintomas, como náuseas e vômitos;
  • duração: quanto tempo cada crise dura (segundos, minutos, horas, dias, meses, anos ou permanente);
  • frequência: é o intervalo entre cada episódio;
  • fatores de melhora e piora: o que você faz ou o que acontece no ambiente para desencadear ou melhorar uma crise;
  • tratamentos anteriores: o que já foi tentado para melhorar a dor, se teve sucesso ou não.

Quais os sinais e os sintomas da nevralgia do trigêmeo?

Além de transmitir as sensações de parte da face para o sistema nervoso central, o nervo trigêmeo também é responsável pelo estímulo dos músculos da mastigação. Por esse motivo, geralmente, os episódios de dor são desencadeados espontaneamente ou por ações que os movimentam, como mastigar, morder ou escovar os dentes. Também podem ocorrer após o toque em uma região específica da face, dos lábios ou da língua. Ela recebe o nome de ponto-gatilho e varia de pessoa para pessoa.

Características do paciente com nevralgia do trigêmeo

A neuralgia geralmente acomete pessoas de meia-idade ou idosos, sendo mais comum em mulheres. Nesse caso, a causa mais comum é o mau posicionamento de uma artéria no trajeto do nervo trigêmeo do sistema nervoso central até o cérebro.

Mas isso não significa que não possa atingir adultos de todas as idades ou homens. No entanto, em pessoas mais jovens, está usualmente associada a:

  • doenças degenerativas, como a esclerose múltipla, que provoca uma lesão dos nervos;
  • compressão devido a um tumor;
  • alterações vasculares, como uma conexão inadequada entre artérias e veias ou por aneurismas (dilatações em uma artéria).

Qualidade, localização, intensidade e sintomas associados

A dor acomete a região da metade inferior da face, abaixo da ponta do nariz. Ela é bastante intensa e recebe o adjetivo mais forte que usamos para falar sobre uma dor: excruciante. Ela vem em relâmpagos, em vez de ser uma dor com intensidade contínua. Outra característica importante é a apresentação unilateral nos casos habituais, ou seja, ou só no lado esquerdo ou só no lado direito da metade inferior.

Geralmente, os sintomas associados estão relacionados a outras funções do nervo trigêmeo nos locais em que ele atua. Por exemplo, podem ocorrer:

  • sensação de queimação e choque na boca, na bochecha, na maxila e na língua. Isso frequentemente pode ser relatado pelo paciente como ardência nos lábios;
  • dificuldade para movimentar os músculos maxilares;
  • ansiedade muito forte devido ao receio de acionar algum gatilho da dor.

Duração e frequência da dor na neuralgia do trigêmeo

De forma geral, as crises duram de poucos segundos a 2 minutos. No entanto, elas podem se repetir mais de uma vez por dia. Nos casos mais graves, podem ocorrer cerca de 100 episódios diariamente, quando se torna incapacitante para o paciente.

Ainda em relação à frequência, geralmente a pessoa fica muito tempo sem sentir nenhuma dor, mas isso não significa que a condição deixou de acometê-la. Ela pode reaparecer espontaneamente, repetir-se e, depois, passar outro longo período assintomática.

A partir dessas características, os médicos experientes e especializados em doenças que acometem os nervos, como os neurologistas, conseguem chegar ao diagnóstico da neuralgia do trigêmeo sem a necessidade de exames laboratoriais ou de imagem. No entanto, ele pode requisitá-los se estiver com alguma dúvida sobre o diagnóstico diferencial ou associação com outra condição, como um tumor.

Qual o tratamento para a neuralgia do trigêmeo?

O tratamento segue um espectro de complexidade e risco. O neurologista normalmente começa com os medicamentos mais eficazes e seguros, o que resolve grande parte dos casos.

Analgésicos

Ao contrário de muitos outros tipos de dores, os analgésicos sozinhos não são eficazes para a neuralgia do trigêmeo. Eles podem ser utilizados como auxiliares do tratamento ou quando o paciente teve uma boa resposta em crises tratadas por ele mesmo. Entretanto, medicamentos usados para outras doenças podem ter uma excelente resposta com ou sem associação aos analgésicos.

Anticonvulsivantes

Essa classe de medicamento tem uma ação direta nas células dos nervos, os neurônios. Eles ajudam a estabilizar a membrana dos neurônios, reduzindo a transmissão do sinal de dor. Entre os mais utilizados está a carbamazepina, pois é um dos mais efetivos e com bom perfil de segurança. No entanto, caso ela apresente efeitos colaterais intoleráveis para o bem-estar e a saúde do paciente, pode-se tentar outros medicamentos da mesma família, como:

  • oxcarbazepina;
  • gabapentina;
  • pregabalina;
  • fenitoína.

Antidepressivos

Os antidepressivos tricíclicos são uma classe de medicamentos muito utilizada para vários tipos de dor crônica. No entanto, são usados em doses diferentes das receitadas para a depressão e a ansiedade. Eles apresentam boa resposta, pois atuam no sistema nervoso central e periférico para reduzir a condução e a interpretação dos sinais da dor.

Usualmente, utiliza-se a amitriptilina, que também é empregada no tratamento das neuropatias, da fibromialgia, entre outras doenças que causam dor crônica. Caso o paciente tenha efeitos colaterais intoleráveis, outros antidepressivos tricíclicos podem ser utilizados, ou outros medicamentos com uma forma diferente de atuação, como a duloxetina.

Relaxantes musculares

Eles podem ser utilizados para reduzir a pressão sobre o trigêmeo provocada pelo espasmo dos músculos do crânio ou para aliviar a dor provocada por esse processo.

Terapia cognitivo-comportamental

Nos casos de dores crônicas, essa modalidade de terapia psicológica ajuda o paciente a lidar melhor com a situação. Desse modo, apesar de o estímulo ainda ocorrer, a sensação e o impacto da dor na vida cotidiana são reduzidos. Ademais, é muito importante para lidar com os sintomas ansiosos e depressivos que muitos pacientes passam, especialmente após tentativas de tratamento malsucedidas.

Toxina botulínica

Muito utilizada para os tratamentos estéticos, a toxina botulínica tem sido empregada em vários tratamentos clínicos na neurologia. Entre eles, está o da nevralgia do trigêmeo. Aplicada por meio de pequenas agulhas, ela é capaz tanto de prevenir a ocorrência de novas crises em pessoas sem sintomas quanto reduzir a dor em crises. Inclusive, alguns estudos mostraram eficácia mesmo em casos resistentes aos tratamentos tradicionais que falamos acima.

Acredita-se que esses resultados positivos se devam à atuação da toxina em vários fatores provocadores da nevralgia do trigêmeo, como:

  • reduzem os espasmos musculares que podem desencadear ou intensificar as crises;
  • ela apresenta um efeito analgésico direto nos receptores dos neurônios que transmitem a dor para o cérebro;
  • alteração da expressão de neurotransmissores relacionados à dor nos neurônios do local de aplicação.

Por ser um tratamento minimamente invasivo, é uma excelente opção para evitar as cirurgias em casos refratários. Isso também pode evitar o uso de medicamentos com muitos efeitos colaterais. A decisão, entretanto, deve ser feita junto com um neurologista experiente que vai personalizar o tratamento às características do seu caso. Além disso, a experiência desse profissional é importantíssima para evitar problemas relacionados à aplicação da toxina em regiões “proibidas” devido a efeitos colaterais graves.

Cirurgia

Caso todos os tratamentos anteriores falhem ou apresentem efeitos colaterais intoleráveis para o paciente, pode-se realizar a cirurgia. Ela não funciona para todos os casos, apenas aqueles em que se identifica a causa da nevralgia:

  • se ela está relacionada com a pressão causada por uma artéria em uma posição incomum, é feita a descompressão vascular. Nela, o cirurgião afasta a artéria do nervo trigêmeo e insere uma pequena esponja nesse espaço. Assim, pode-se reduzir ou eliminar a compressão provocada por ela;
  • no caso de tumores, o cirurgião vai avaliar a característica deles. Se for benigno e a cirurgia não apresentar baixo risco para o paciente, ela pode ser executada. Nos demais casos, a avaliação é individualizada.

Nos casos em que a cirurgia corretiva for muito arriscada, pode-se avaliar a possibilidade de outros procedimentos, como:

  • injeção de anestésico de longa duração para bloquear a transmissão da dor temporariamente;
  • rompimento das fibras nervosas;
  • compressão mais intensa do nervo com um balão;
  • destruição de parte do trajeto do nervo etc.

Todos eles devem ser avaliados com bastante cuidado, pois podem gerar sequelas, como dormência facial, dificuldades de mastigação e da motricidade da boca.

Por tudo isso, é importantíssimo escolher um neurologista bem capacitado para a condução do seu tratamento. Assim, ele poderá fazer um diagnóstico rápido e preciso da nevralgia do trigêmeo. A partir disso, ele indicará um plano terapêutico eficaz e seguro individualizado para o seu caso.

Quer conhecer e saber diferenciar outras causas de dor de cabeça que podem estar o acometendo? Então, confira o nosso texto sobre o assunto!

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