Os transtornos neurocognitivos são condições neurológicas que levam a uma redução — temporária ou permanente — das funções cognitivas. Entre elas, enquadram-se a memória, a atenção, a evocação, a linguagem, a orientação no tempo e no espaço, a inibição de comportamentos, entre outras.
Os transtornos neurocognitivos, até pouco tempo, eram chamados de demência. Hoje em dia, são classificados de acordo com o impacto na vida dos indivíduos. O Transtorno Neurocognitivo Maior traz um déficit cognitivo que prejudica a independência, enquanto no Transtorno Neurocognitivo Leve o indivíduo mantém uma vida normal com algumas adaptações.
Identificá-los nem sempre é uma tarefa fácil, pois as mudanças no indivíduo podem ser muito sutis e associadas a outras condições, como o envelhecimento, ou ao temperamento e à personalidade. Por esse motivo, é tão importante procurar o tratamento com um neurologista experiente. Quer entender melhor? Acompanhe o nosso post!
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O que são os transtornos neurocognitivos?
Os transtornos neurocognitivos englobam muitas condições que são conhecidas por diferentes nomes popularmente, como as demências, as amnésias, delirium, entre outros. Eles são caracterizados pelo prejuízo de um ou mais domínios cognitivos, como:
- atenção complexa;
- função executiva (inibição de comportamento, orientação temporal, atenção, entre outras);
- aprendizagem e memória;
- linguagem;
- perceptomotor;
- cognição social (sociabilidade, empatia, entre outras)
É preciso que eles tragam um impacto (pequeno ou significativo) na funcionalidade do indivíduo, como autocuidado, sociabilidade, vida financeira etc.
No entanto, como a percepção da própria pessoa e dos familiares pode ser imprecisa, há vários instrumentos para avaliar cada função cognitiva individual ou globalmente. São os testes neuropsicológicos. Eles ajudam a dimensionar e documentar objetivamente o declínio cognitivo. Quando não podem ser aplicados, a avaliação clínica de um especialista experiente é essencial.
Todo declínio cognitivo é um transtorno?
Apesar de essa característica ser comum, cada transtorno neurocognitivo apresenta um conjunto de sinais e sintomas bem específico. Além disso, nem toda disfunção cognitiva é causada por um transtorno neurocognitivo. Veja alguns exemplos:
- se o déficit cognitivo ocorreu durante as fases precoces de desenvolvimento (gestação e infância), ele deve ser classificado como um transtorno do desenvolvimento;
- se o déficit for causado ou melhor explicado por algum outro transtorno mental, como Transtorno Depressivo Maior ou Esquizofrenia, ele também não é um transtorno neurocognitivo.
Quais são os transtornos neurocognitivos?
A classificação pode ser um pouco complexa para o entendimento do paciente. Antes de determinar a causa, os especialistas precisam, primeiramente, classificá-los de acordo com o impacto que trazem para a funcionalidade do indivíduo.
Transtorno Neurocognitivo Leve
Nele, o declínio cognitivo não traz uma perda de funcionalidade suficiente para prejudicar a perda da independência. Por isso, precisa preencher os seguintes critérios:
- há preocupação do próprio paciente, de seu informante ou do médico que faz seu acompanhamento devido à percepção de um declínio na função cognitiva;
- o prejuízo deve ser pequeno, mas documentado por um teste psicológico ou, na sua falta, pela avaliação neurológica.
Geralmente, não há perda significativa de funcionalidade, pois o indivíduo mantém sua capacidade de compensar o déficit com estratégias de compensação, aumento do esforço ou acomodação de atividades.
Transtorno Neurocognitivo Maior
Muitas das características são semelhantes aos casos leves, porém a intensidade é suficiente para provocar um prejuízo significativo no desempenho cognitivo avaliado pelos testes ou pelos médicos. Além disso, há uma perda de funcionalidade que compromete a independência do indivíduo.
Os subtipos
Depois de classificar o transtorno neurocognitivo em leve ou maior, é hora de especificar o seu subtipo (a doença que o causa), como:
- doença de Alzheimer;
- degeneração lobar frontotemporal;
- doença com corpos de Lewy;
- doença vascular;
- lesão cerebral traumática;
- uso de substância/medicamento;
- infecção por HIV;
- doença do príon;
- doença de Parkinson;
- doença de Huntington.
Assim, o diagnóstico passa a receber o nome de “transtorno neurocognitivo leve por Doença de Alzheimer” ou “transtorno neurocognitivo maior por Doença Vascular”, por exemplo.
Existe tratamento para os transtornos neurocognitivos?
São várias as causas para os transtornos neurocognitivos. Em grande parte dos casos, existem tratamentos que podem retardar a evolução da doença ou reduzir o impacto dos sintomas, mas a cura definitiva geralmente é rara. Quanto mais cedo eles forem descobertos, melhor o prognóstico.
Diante de qualquer suspeita de declínio, é importantíssimo se consultar com um médico especialista para uma avaliação neurológica com o intuito de identificar ou afastar um possível transtorno cognitivo. Esse profissional fará uma entrevista aprofundada, um exame físico completo, uma bateria de testes neuropsicológicos e exames complementares para chegar a um diagnóstico mais preciso.
Muitas pessoas não sabem identificar corretamente os sintomas dos transtornos neurológicos, não é mesmo? Então, não deixe de compartilhar o nosso post nas redes sociais!
Dr. Matheus Trilico é neurologista referência no diagnóstico e acompanhamento de TEA e TDAH em adultos. Formado em medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA) e com residência em Neurologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e mestre também pela UFPR. Além de atuar como neurologista em consultório privado e no Sistema Único de Saúde (SUS), realiza também atividades acadêmicas. Dr. Matheus Trilico acredita que o ser humano precisa conhecer bem sua saúde e, por isso, transmite as informações sobre o quadro clínico de forma clara e didática, reafirmando seu compromisso com a exímia relação médico-paciente. Amante da tecnologia, busca utilizá-la para agregar conhecimento e facilitar a vida dos pacientes, mas sem perder seu foco: o humanismo e a qualidade do atendimento médico.
CRM 35.805/PR – RQE 24.818