Demência Frontotemporal

Demência frontotemporal: o que é e como lidar com a doença?

A demência frontotemporal (DFT) é um dos transtornos neurocognitivos mais comuns, correspondendo a cerca de 10% dos diagnósticos dessas síndromes. No entanto, ainda é muito menos conhecida do que outras doenças do mesmo tipo, como as demências causadas pelo Alzheimer ou pelo Parkinson.

Outra característica bem determinante é que se manifesta principalmente por comportamentos inadequados e por problemas na fala. Assim, a família do idoso pode acabar por acreditar que ele está fazendo “gracinhas”, brincadeiras de mau gosto, entre outras. Porém, na verdade, são os primeiros sinais da doença surgindo.

Como as pessoas ligam os transtornos neurocognitivos com a memória, a qual é pouco comprometida na DFT, essa confusão é muito mais comum do que você imagina. Quer saber mais sobre como identificar a demência frontotemporal? Continue a leitura do nosso post!

O que é a demência frontotemporal?

A primeira coisa que é importante citar é que o termo demência está caindo em desuso na Medicina. Afinal, além de trazer um estigma para o paciente (que pode ser chamado de demente), ele ainda indica apenas os casos graves. Assim, as formas leves raramente eram percebidas pelos indivíduos e pelos seus familiares.

Então, o nome mais preciso é transtorno neurocognitivo frontotemporal maior ou menor, o qual afeta principalmente os domínios da fala e do comportamento. Vamos explicar o que cada parte da frase anterior significa a seguir.

O que é um transtorno neurocognitivo?

Ele é composto de um grupo de doenças caracterizadas principalmente pelo declínio das funções cognitivas do indivíduo. Em outras palavras, nota-se que há uma redução da capacidade em relação a um nível anterior, causando preocupação ou prejuízo à funcionalidade. Geralmente, o indivíduo fala assim: “Eu fazia isso tão bem. Agora, cometo erros bobos”.

Ou seja, muito mais do que um esquecimento ou do que uma dificuldade de falar ocasional, o próprio paciente ou os seus familiares notam que aquilo está comprometendo a vida cotidiana. Os domínios cognitivos que podem ser observados são:

  • atenção complexa: manter o foco para a execução dos passos de uma tarefa;
  • função executiva: planejar e reunir recursos cognitivos para a tomada de decisão e para a execução de ações, como estimar o tempo ou inibir comportamentos;
  • aprendizagem e memória: armazenar informações em curto, médio e longo prazos, além de interpretá-las e transformá-las em lições para o futuro;
  • linguagem: não é apenas a capacidade de falar, mas de produzir e interpretar símbolos nos quatro campos (escrita, fala, escuta e leitura);
  • perceptomotor: planejar e executar movimentos de acordo com a situação;
  • cognição social: reconhecer o contexto das interações sociais e ter comportamentos adequados diante deles com a inibição de ações malvistas de acordo com o contexto cultural.

Então, para levantar a suspeita que você ou um familiar está acometido por DFT, é preciso primeiramente que seja diagnosticado o transtorno neurocognitivo.

Quais são os sinais e sintomas do transtorno neurocognitivo frontotemporal?

Nesse sentido, é sempre importante frisar o critério de “em comparação com um nível anterior”. Além disso, na DFT, exige-se que o surgimento seja insidioso, e a progressão, gradual, pois se trata de uma doença neurodegenerativa.

Portanto, se o indivíduo sempre teve um comportamento invasivo e o mantém, não há que se falar em DFT. Da mesma forma, uma pessoa analfabeta pode não ser diagnosticada, porque não sabia interpretar a linguagem escrita.

Depois disso, é preciso verificar se o paciente apresenta sinais ou sintomas de comprometimento comportamental ou linguístico.

Comportamental

Na variante comportamental, é essencial que haja um declínio proeminente na sua cognição social, isto é, perda de parte da sua capacidade de interpretar as interações com outras pessoas e escolher comportamentos adequados diante disso.

Alternativamente, pode haver o comprometimento das capacidades executivas, caracterizando uma dificuldade em planejar os seus atos e tomar decisões para as tarefas.

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Além disso, em relação ao comportamento, deverão estar presentes três ou mais destes sinais e sintomas:

  • desinibição comportamental;
  • apatia ou inércia;
  • perda de empatia ou simpatia;
  • comportamento perseverante estereotipado (tiques), compulsivo ou ritualístico (o indivíduo fica excessivamente supersticioso);
  • fala excessiva e mudanças na dieta.

Linguística

Ocorre um declínio proeminente na sua capacidade de se comunicar, caracterizado especialmente pela dificuldade de falar, encontrar palavras, encadear frases e ideias, nomear objetos ou compreender o significado dos termos.

Além disso, é preciso que a idade do paciente seja compatível. Assim como no Alzheimer, a condição surge, principalmente, depois dos 60 anos e fica muito mais comum após os 80. No entanto, há pessoas que desenvolvem formas precoces após os 40 anos.

Estando presentes quaisquer dessas alterações ou no comportamento ou na fala sua ou de alguma pessoa próxima, é hora de ir ao neurologista. Ele saberá avaliar todo o caso e diagnosticar de acordo com o melhor da literatura médica, como o Manual de Diagnóstico de Doenças Psiquiátricas e Neuropsiquiátricas (DSM-5).

Como cuidar de uma pessoa com demência frontotemporal?

A avaliação periódica de um neurologista é imprescindível. Especialmente nos idosos, ele poderá documentar o nível cognitivo a cada consulta para verificar a ocorrência de declínio. Isso poderá ser feito, inclusive, em caráter preventivo, antes do início de qualquer sintoma.

A classificação dos transtornos neurocognitivos

Os transtornos neurocognitivos podem ser classificados em dois grupos de acordo com o nível de acometimento:

  • leve: os sintomas, apesar de serem notados e comprometerem algumas atividades do indivíduo, ainda não trazem um prejuízo significativo. Ele ainda mantém um bom nível de independência, apesar de necessitar de ajuda em alguns momentos. Geralmente, esses déficits cognitivos serão notados principalmente em avaliações neurológicas com aplicações de testes padronizados, que são sensíveis o suficiente para identificar até mesmo os casos mais leves;
  • maior: aqui, o prejuízo é significativo e leva à perda de dependência do idoso. Não é nada sutil, e pessoas mais próximas podem notar os sintomas facilmente. Mesmo assim, a avaliação neurológica será essencial para documentar todos os déficits e propor um plano de tratamento mais eficaz.

Nesse sentido, o transtorno neurocognitivo frontotemporal pode ser maior ou leve. O tratamento será indicado conforme essa classificação e quanto mais leves forem os sintomas, maior a chance de sucesso.

O objetivo não será curar o paciente, mas reabilitá-lo e reduzir o impacto dos sintomas, ajudando-o a lidar melhor com a doença. Geralmente, para isso, há um encaminhamento para neuropsicólogos que treinarão habilidades e técnicas para compensar o declínio cognitivo.

O que causa a demência frontotemporal?

Quando falamos que um transtorno é degenerativo, isso significa que não foi um evento repentino que o causou. Ou seja, não foi um acidente vascular cerebral (derrame) ou um trauma cerebral que desencadeou os sintomas. Há um progressivo acometimento desencadeado por alterações na anatomia (“estrutura”) e na fisiologia (“química”) do cérebro.

Há vários transtornos neurodegenerativos, como o Parkinson e o Alzheimer. Nesses casos, não sabemos exatamente o que causa o problema e nem há exames precisos para levar ao diagnóstico. Entretanto, na demência frontotemporal, sabemos que há:

  • uma alteração genética – é a mutação em um gene localizado no cromossomo 17, que leva a uma anormalidade na formação de proteínas que ajudam a estruturar o neurônio;
  • uma alteração anatômica bem delimitada – tudo isso levará a uma redução do tamanho (atrofia) nas regiões frontais (logo atrás da testa) e temporais (pouco acima da ponta da orelha).

Com isso, o diagnóstico deverá ser conduzido por um neurologista experiente, o qual buscará:

  • verificar se há uma história de DFT em familiares próximos do paciente;
  • indicar testes genéticos para buscar a mutação que caracteriza a DFT;
  • realizar exames de imagem para investigar a anatomia do lobo frontal e/ou temporal.

Se forem localizadas essas alterações, haverá um diagnóstico provável de DFT. Se não forem identificadas mutações genéticas e se não tiver sido realizado o exame de imagem, o diagnóstico será de “possível transtorno”.

Como você deve ter percebido, todo o processo de diagnóstico e tratamento da demência frontotemporal é bastante complexo. Então, diante de qualquer suspeita, não é hora de esperar. Procure o quanto antes um neurologista para uma avaliação. Quanto mais cedo o transtorno for identificado, menor o impacto na vida do paciente.

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